Cartel
DISCIPLINA: JACQUES LACAN
DOCENTE: CARLOS AUGUSTO M. REMOR
ACADÊMICO: LUAN LUIS SEVIGNANI
Cartel, um dispositivo fadado à dissolução?
“Para a execução do trabalho, adotaremos o princípio de uma elaboração apoiada num pequeno grupo. Cada um deles (temos um nome para designar esses grupos) se comporá de no mínimo três pessoas e no máximo cinco, sendo quatro a justa medida. MAIS UM encarregado da seleção, da discussão e do destino a ser reservado ao trabalho de cada um”.
Jacques Lacan, na “Ata de fundação da Escola Freudiana de Paris”. O cartel é um dispositivo1 inventado por Jacques Lacan2 que funciona ligado a uma instituição (o que Lacan chama Escola) e tem como característica a formação de um grupo para o estudo de determinado tema, resultando na transmissão da psicanálise. Contudo, a partir dos estudos de Freud sobre a “Psicologia de grupo e análise do Ego”, contidos no volume XVIII da “Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud”, em que o autor reflete, entre outras coisas, que toda relação de grupo volta-se, em sua estrutura, à imagem de um chefe, Lacan cria o cartel tendo em vista a subversão dessa estrutura de grupo, ou seja, entende o cartel como um pequeno grupo sem líder ou qualquer tipo de figura hierárquica detentora de saber.
Em outras palavras, Lacan leva em conta a lógica de qualquer formação grupal (uma sala de aula, por exemplo), que tenha um líder (o professor, para continuar nesse exemplo) como figura constitutiva dela, e inverte essa lógica propondo a constituição de um grupo em que não haja uma posição soberana do saber, no qual essa posição esperada “daquele que sabe” é destituída em detrimento do que Lacan denomina Mais-um. Portanto, o Cartel não é senão um artifício cunhado por Lacan que permite a entrada dos cartelandos na Escola e auxilia na formação do psicanalista, servindo para quebrar o estudo massificado (que produziria apenas um saber, um resultado, um