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O conceito de patrimônio vem sofrendo reformulações desde as suas concepções de origem, assim como a formulação dos princípios de restauração e conservação. Em outras épocas, a palavra patrimônio representava apenas as propriedades transmitidas hereditariamente. Com o acréscimo do termo histórico, a expressão e o tratamento do patrimônio adquiriram outras conotações que foram se modificando ao longo do tempo.
Princípios da Restauração
Os princípios e as instituições de conservação se consolidaram na França do século XIX. Motivada pelas idéias do Iluminismo e com o objetivo de impedir o vandalismo que em alguns períodos acompanhou a Revolução Francesa, surgiu no país uma visão idealizada dos monumentos históricos apoiada jurídica e institucionalmente pela primeira vez. Contudo, segundo Choay (2001), a Itália foi a primeira nação a pensar na proteção dos monumentos in loco. No início do século XIX, ocorrem um distanciamento crítico em relação à arquitetura do passado e atitudes de conservação in situ. Estruturas romanas foram restauradas após escavações arqueológicas segundo critérios restritos de reintegração e consolidação – quando houve necessidade deelementos novos, estes foram adotados diferentes dos originais, com o objetivo de se evitar a mimetização. Entretanto, essa não era uma postura generalizada e institucionalizada; namesma época, esses critérios foram desprezados em outras restaurações.
Na Grã-Bretanha, as Associações de Antiquários tomaram para si a proteção dos monumentos como resposta ao vandalismo religioso ocorrido no período da Reforma Luterana. Os monumentos religiosos da Idade Média eram vistos como “obras vivas da nação” e sua destruição despertou a indignação devido ao desperdício e a afronta ao nacionalismo. Dessa forma, as questões sobre restauração, intervencionista ou não, surgiram na Inglaterra uns cinqüenta anos antes de aparecerem na França (Choay, 2001: 92).
Entretanto, o consenso