Carta Ao Pai
Carta ao pai retrata essas características, kafka tinha um jeito peculiar de escrever, que ate hoje não se sabe o porquê. Segundo relatos do crítico João M. A da Silva ( 2010) entre os dias 10 e 19 de novembro de 1919, o escritor, insatisfeito com a fria recepção paterna diante do anúncio de seu noivado com Julie Wohryzek, escreveu ao pai, o comerciante judeu Hermann Kafka, uma longa carta – mais de cem páginas manuscritas. Kafka tinha então 36 anos, uma vida pessoal acanhada – nunca se casara ou constituíra família –, uma carreira mediana de funcionário burocrático e uma ambição literária ainda longe de estar realizada. Ele sonhava em ser escritor, mas seu pai o obrigou a escolher entre química ou direito, Kafka escolheu química, mas desistiu no caminho. Na carta, que nunca foi enviada ao seu pai, Kafka expõe toda a sua mágoa em relação ao genitor autoritário, que ele chama, alternadamente, de "tirano", de "regente", de "rei" e de "Deus". Em uma experiência virtuosística de auto-análise, além de uma belíssima peça literária, ele mostra como, a seu ver, o jugo paterno minou-lhe a auto-estima, condenando-o a uma personalidade fraca e assustada. A leitura da carta e do material que a envolve joga luz sobre o drama humano universal do autor e ajuda a compreender em parte sua imensa angústia, seus medos e temores, capaz de gerar obras-primas como O processo, A metamorfose, América ou o desaparecido, entre outras. Como escreveu o filho ao pai: "Minha atividade de escritor tratava de ti, nela eu apenas me queixava daquilo que não podia me queixar junto ao teu peito".
Nessas palavras de Kafka é notório o prejuízo que a ausência de seu pai deixou em sua vida pessoal, um filho que só desejava que seu pai demonstrasse o amor pelo seu filho, só um pouco de incentivo.