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CA P Í TULO 9
Propaganda política e controle dos meios de comunicação
Maria Helena Capelato*
O varguismo não se define como fenômeno fascista, mas é preciso levar em conta a importância da inspiração das experiências alemã e italiana nesse regime, especialmente no que se refere à propaganda política. No Brasil ,a organização e o funcionamento dos órgãos produtores da propaganda política e controladores dos meios de comunicação revelam a inspiração européia.
Por esse motivo, cabe fazer referência ao significado e à organização da propaganda nazi-fascista.
Os nazistas acreditavam nos modernos métodos de comunicação de massa e, segundo Hannah Arendt (1978), muito aprenderam com a propaganda comercial norte-americana. Mas a propaganda política tinha características particulares: uso de insinuações indiretas, veladas e ameaçadoras; simplificação das idéias para atingir as massas incultas; apelo emocional; repetições; promessas de benefícios materiais ao povo (emprego, aumento de salários, barateamento dos gêneros de primeira necessidade); promessas de unificação e fortalecimento nacional.
A propaganda nazi-fascista exigia uma unidade de todas as atividadese ideologias. A moral e a educação estavam subordinadas a ela. Sua linguagem simples, imagética e agressiva visava a provocar paixões para atingir diretamente as massas. Segundo os preceitos de Hitler expressos em Mein Kampf:“a arte da propaganda consiste em ser capaz de despertar a imaginaçãopública fazendo apelo aos sentimentos, encontrando fórmulas psicologicamente apropriadas que chamam a atenção das massas e tocam os corações”.1 Goebbels também expôs o que se deveria esperar da propaganda: “(...) é boa a propaganda que leva ao sucesso (...). Esta não deve ser correta, doce, pru-* Professora do Departamento de História da USP.
1 Apud Guyot & Restellini, 1983:16.168 R E PENSANDO O E S T ADO NOVO dente ou honorável (...) porque o que importa não é que uma propaganda impressione bem, mas que ela