Caramuru

1 Introdução
Apesar de todas as contradições a obra pode ser caracterizada como uma epopeia, poema amplo, de grande extensão, cuja narração descreve e relata os acontecimentos, ações e feitos de um herói histórico ou de um sujeito célebre; representando, assim, uma sociedade ou um agrupamento social específico.
Pode-se dizer que a forma com que o poema foi escrito é híbrida. Santa Rita mescla o modelo camoniano – que segue os preceitos de Camões: poema estruturado em 10 cantos, com versos decassílabos e com o uso da oitava-rima, além de estar subdividido em proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo, de acordo com o modelo tradicional de epopeia, e o barroco, pela forma como são refletidas as enumerações profusas da fauna e flora tropical.
A obra é dividida em X cantos em que o tema central fala sobre o descobrimento e conquista da Bahia pelo português Diogo Álvarez Correa, após o naufrágio deste no litoral nordestino. O autor narra ainda as aventuras de Diogo no território nacional, bem como seu envolvimento com as Índias, sobretudo com Paraguaçu, com quem se casa, deixando para trás Moema que se suicida no mar ao ver partir o casal. O material do livro é híbrido, composto por fatos de nossa história, temperamento dos indígenas, lendas. Sendo assim, obra é uma mescla de culturas, línguas e contrastes estéticos.
Uma das características vistas durante o poema é o repúdio à mitologia pagã, onde o autor de, por seu conservadorismo religioso, condena a mitologia pagã, substituindo-a pelo cristianismo – catequização indígena.
O poema é considerado uma resposta ao Uruguai de Basílio, seja pela forma como as obras são estruturadas, seja pelas posições divergentes quanto aos jesuítas. Enquanto Basílio tinha como motivo de sua epopeia o combate aos jesuítas, Durão tem a religião como ideologia, justificando e louvando a colonização como empresa religiosa desinteressada.

Por fim, pode-se concluir que a epopéia de Santa Rita Durão possui, em sua