Capitu e bentinho
Bentinho era tido como infértil, tinha dois anos de casamento e Capitu nunca engravidou. Eles quase ja estavam separados e o Ezequiel nasce, “do nada”
A semelhança entre Ezequiel e Escobar é gritante
Capitu, após a morte de Escobar, se separara de Bentinho e foge para a Suíça, talvez para esconder o filho
Bentinho era muito calado, meio bicho do mato, e isso não contribui em uma relação
A viúva de Escobar deixa de ser amiga de Capitu
Foge do movimento literário
O romance deixa de ser sobre o adultério para ser uma obra sobre o ciúme. E Machado de Assis, em “Dom Casmurro”, capciosamente dedica um capitulo inteiro a “Otelo”, de Shakespeare. E nos diz que o próprio narrador considera a peça shakespeareana “a mais sublime tragédia deste mundo”. Na contramão, se Capitu traiu Bentinho, o romance machadiano mantém tematicamente a sua fidelidade ao Realismo, já que o adultério é o tema mais frequente nos romances do fim do século 19. E por que Machado de Assis ou Bentinho escreveria uma obra sobre o ciúme se já existia “a mais sublime tragédia deste mundo” sobre o tema? Uma obra sobre o ciúme, no Realismo, desdiz os interesses literários da época. O ser humano deixa de ser o vilão para ser a vítima. O ciúme é tema típico de escritores românticos, que põem seus personagens em sofrimento por conta de seus próprios sentimentos. Matam e morrem por amor. Sofrem com o ciúme, a inveja, a angústia, a injustiça. Shakespeare não era um romântico, era um clássico. E os clássicos se encontram entre os realistas e os românticos. Querem uma obra de arte bem acabada, independente da condição humana dos seus personagens. Machado de Assis, ao contrário, não vê ser humano algum como vítima e, sim, como seres imperfeitos capazes de cometer qualquer barbaridade. Seus personagens todos agem em função de seus interesses racionais e ou materiais. Se os personagens românticos são movidos pela emoção, os realistas são guiados pela razão. Os realistas não se deixam levar