capital cultural
Bourdieu e de Coleman
Alicia Bonamino, Fátima Alves, Creso Franco
Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Sibele Cazelli
Coordenação de Educação do Museu de Astronomia (MAST)
1. Introdução
No transcorrer da primeira metade do século XX, a visão predominante atribuía à escolarização papel central na construção de uma nova sociedade, justa, aberta e democrática, na qual o acesso à escola pública e gratuita garantiria a igualdade de oportunidades. Segundo essa visão, os “indivíduos competiriam dentro do sistema de ensino, em condições iguais, e aqueles que se destacassem por seus dons individuais seriam levados, por uma questão de justiça, a avançar em suas carreiras escolares e, posteriormente, a ocupar as posições superiores na hierarquia social” (Nogueira &
Nogueira, 2002, p. 16).
Foi, entretanto, no contexto da democratização do acesso à escola e do prolongamento da escolaridade obrigatória que se tornou evidente o problema das desigualdades de escolarização entre os grupos sociais.
O otimismo marcante do período anterior foi substituído por uma postura mais pessimista, embasada pela divulgação de uma série de surveys educacionais que mostravam a influência da origem social nos resultados
Revista Brasileira de Educação v. 15 n. 45 set./dez. 2010
escolares. O Relatório Coleman1 (1966) constitui um marco na ruptura com a visão otimista de construção de uma sociedade igualitária pela via da educação para todos.
Além disso, as inúmeras frustrações com o caráter autoritário e elitista do sistema educacional e com o baixo retorno econômico e social decorrente da posse de diplomas de determinados cursos tornaram
“imperativo reconhecer que o desempenho escolar não dependia, tão simplesmente, dos dons individuais, mas da origem social dos alunos” (Coleman,
1966, p. 16).
Em particular, os estudos de