O conceito de capital cultural
Capital cultural é uma expressão cunhada e utilizada por Bourdieu para analisar situações de classe na sociedade. De certa forma o capital cultural serve para caracterizar subculturas de classe ou de setores de classe. Com efeito, uma grande parte da obra de Bourdieu é dedicada à descrição minuciosa da cultura - num sentido amplo de gostos, estilos, valores, estruturas psicológicas, etc. que decorre das condições de vida específicas das diferentes classes, moldando as suas características e contribuindo para distinguir, por exemplo, a burguesia tradicional da nova pequena burguesia e esta da classe trabalhadora. Entretanto, o capital cultural é mais do que uma subcultura de classe, é tido como um recurso de poder que equivale e se destaca no duplo sentido de se separar e de ter uma relevância especial de outros recursos, especialmente, e tendo como referência básica, os recursos econômicos.
Daí o termo capital associado ao termo cultura; uma analogia ao poder e ao aspecto utilitário relacionado à posse de determinadas informações, aos gostos e atividades culturais. Além do capital cultural existiriam as outras formas básicas de capital: o capital econômico, o capital social (os contatos) e o capital simbólico (o prestígio) que juntos formam as classes sociais ou o espaço multidimensional das formas de poder: Para Bourdieu, a herança cultural é a responsável pela diferença inicial das crianças diante da experiência escolar e do êxito. A transmissão do capital cultural influencia a relação existente entre o nível cultural global da família e o êxito escolar da criança.
A ESCOLA COMO LEGITIMADORA DAS DESIGUALDADES SOCIAIS
A função do sistema de ensino é servir de instrumento de legitimação das desigualdades sociais. Longe de ser libertadora, a escola é conservadora e mantém a dominação dos dominantes sobre as classes populares, sendo representada como um instrumento de reforço das desigualdades e