Cap. 2
1. Grupos Pioneiros e as Primeiras Escolas de Serviço Social
A participação do clero no controle direto do operariado industrial remonta do surgimento das primeiras grandes unidades industriais, em fins do século passado (XIX). É viva a presença de religiosos no próprio interior dessas unidades, que muitas vezes possuíam capelas próprias, onde diariamente os trabalhadores eram obrigados a assistir a missa e outras liturgias. No plano sindical, com o apoio patronal, desenvolvem iniciativas assistenciais e organizacionais visando contrapor-se ao sindicalismo autônomo de inspiração anarco-sindicalista. No contexto internacional, o surgimento da primeira nação socialista (antiga União Soviética – URSS) e a efervescência do movimento popular operário em toda a Europacaracterizam o contexto de surgimento das primeiras escolas de serviço social naquelecontinente. A questão social vinha à tona e com ela a necessidade de procurar soluções para resolvê-la, senão minorá-la.
As instituições assistenciais que surgem nesse momento, como a Associação das Senhoras Brasileiras (1920) no Rio de Janeiro, e a Liga das Senhoras Católicas (1923), em São Paulo, possuem já – não apenas ao nível da retórica – uma diferenciação face às atividades tradicionais de caridade. Possuem um aporte de recursos e potencial de contatos noâmbito do Estado que lhes possibilita o planejamento de obras assistenciais de maior envergadura e eficiência técnica. O surgimento dessas instituições dá-se dentro da primeira fase do movimento de “reaçãocatólica”, da divulgação do pensamento social da Igreja e da formação das basesorganizacionais e doutrinárias do apostolado laico. Tem em vista não o socorro aos indigentes, mas já dentro de uma perspectiva embrionária de assistência preventiva, de apostolado social, atender e atenuar determinadas sequelas do desenvolvimento capitalista, principalmente no que se refere a menores e mulheres. É nesse período, também