Canclini
Culturas hibrídas, poderes oblíquos
Culturas híbridas, poderes oblíquos Néstor García Canclini
CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas - estratégias para entrar e sair da modernidade . Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão. São Paulo: EDUSP, 1997. p.283-350: Culturas híbridas, poderes oblíquos. Comentário: Heloísa Costa Milton (UNESP/Campus de Assis) CULTURAS HÍBRIDAS, PODERES OBLÍQUOS Os dois capítulos anteriores parecem desequilibrados. Ao argumentar contra o excessivo peso do tradicional no estudo das culturas populares, usamos o maior número de páginas para demonstrar o que não há de tradicional, autêntico, nem autogerado nos grupos populares. Dei pouco lugar às culturas populares urbanas, às mudanças desencadeadas pelas migrações, aos processos simbólicos atípicos de jovens dissidentes, às massas de desempregados e subempregados que compõem o que se chama de mercados informais. Vou defender a ora a hipótese de que não há muito sentido estudar esses processos "desconsiderados" sob o aspecto de culturas populares. É nesses cenários que desmoronam todas as categorias e os pares de oposição convencionais (subalterno/hegemônico, tradicional/moderno) usados para falar do popular. Suas novas modalidades de organização da cultura, de hibridação das tradições de classes, etnias e nações requerem outros instrumentos conceituais. Como analisar as manifestações que não cabem no culto ou no popular, que brotam de seus cruzamentos ou em, suas margens? Se esta parte insiste em apresentar-se como um capítulo, com citações e notas de rodapé, não será por falta de preparação profissional do autor para produzir uma série de videoclips em que um gaúcho e um morador de uma favela conversam sobre a modernização das tradições com os migrantes mexicanos que entram ilegalmente nos Estados Unidos, ou enquanto visitam o Museu de Antropo-logia, ou enquanto ficam na fila de um caixa eletrônico, e comentam como mudaram os carnavais do Rio ou