Caminhos da crítica literária (1940-1970): a construção da leitura no contexto das literaturas portuguesa e brasileira
2º Trabalho Bimestral: Caminhos da Crítica Literária (1940-1970): a construção da leitura no contexto das Literaturas Portuguesa e Brasileira
QUESTÃO NÚMERO 1.
A decadência dos críticos de rodapé iniciou com o aparecimento da “nova crítica”, em meados da metade do século XX, e se intensificou com as transformações sofridas pela imprensa no mesmo período. Com o novo formato de texto jornalístico, os leitores perderam os “guias” que formavam o gosto do leitor.
No momento em que Carpeaux inicia sua produção no Brasil, o campo da crítica literária atravessa um período de questionamento com relação à sua própria natureza e função. Uma fase de transição que passa da crítica não especializada, exercida então por profissionais de diversas áreas que escrevem para os jornais, ao surgimento dos primeiros críticos oriundos da universidade e ligados ao ensino de literatura. Recorremos a Sussekind, que descreve com propriedade esta passagem do crítico-cronista ao crítico-scholar: “Há, então, dois modelos bem diversos de críticos em dispusta, que se encontram momentaneamente lado a lado nas páginas da imprensa diária. O que se inicia é uma mudança nos critérios de validação daqueles que exercem a crítica literária. A “carteira de habilitação’ em meados dos anos 1940 não é mais a mesma das primeiras décadas deste século. E parece prever um tipo de intelectual cuja figura não cabe mais nas funções, até então supervalorizadas, do jornalista, do crítico-cronista.” (Sussekind, 2003, p.17-18). Pode-se argumentar que a crítica de Carpeaux situa-se na confluência entre os dois modelos citados acima, apresentando característica de ambos. Carpeaux o coloca a meio caminho entre o homem de letras não especializado e o crítico com formação específica em ciências humanas.
Em seus inúmeros artigos é possível encontrar exemplos tanto da antiga crítica literária como da análise especializada (apoiada em citações, notas de rodapé