Camilo boito
Camillo Boito (1836-1914) é figura de grande destaque no panorama cultural do século XIX. Como restaurador e teórico, tem um lugar consagrado pela historiografia da restauração, sendo a ele reservada uma posição moderada e intermédia entre Viollet-le-Duc, cujos preceitos seguiu durante certo tempo, e Ruskin, sintetizando e elaborando princípios que se encontram na base da teoria contemporânea de restauração.
O percurso de Boito não foi linear, iniciou sua trajetória como restaurador, utilizando princípios difundidos por Viollet-le-Duc e, apenas por volta de 1880, formularia textos em que assumiu uma posição renovada e independente, mas nem sempre livre de contradições.
Considera como essencialmente diversas a conservação e a restauração, insistindo que a conservação é, muitas vezes, a única coisa a se fazer, além de ser obrigação de todos, da sociedade e do governo, tomar as providências necessárias à sobrevivência do bem. Concebe a restauração como algo distinto e, às vezes, oposto à conservação, mas necessário.
Em relação à escultura, Boito chama a atenção para os perigos dos completamentos, que levaram a enganos e as modificações no próprio equilíbrio da composição de grupos escultóricos. Boito considerava qualquer intervenção extremamente perigosa, podendo conduzir ao erro. Além disso, acreditava que aquelas já realizadas não possuíam valor artístico que justificasse a sua manutenção, aconselhando que todos os acréscimos fossem retirados sem remissão.
Quanto à pintura, compara as intervenções às técnicas do cirurgião, reconhecendo ser à restauração às vezes necessária para salvar e dar nova vida, em casos extremos, não através de vernizes milagrosos, mas pela possibilidade de transposição da camada pictórica para um suporte são. Admite, portanto, a separação entre a camada pictórica, a imagem, de seu suporte, que poderia ser modificado ou sofrer intervenções mais profundas.
No que se refere à arquitetura, Boito se coloca de forma crítica em