Calvino classicos - temas da cultura clássica i
TEMA I: Contextualização da produção cultural greco-latina Uma noção abrangente de “clássico”
Segundo o Padre Manuel Antunes, na sua obra História da Cultura Clássica, o termo Clássico reveste-se de dois sentidos principais, um temporal e outro ideal. No seu sentido temporal, clássico é um adjectivo aplicado a tudo o que provém do mundo antigo, ou com ele se relaciona, desde Homero à queda do Império Romano do Ocidente (476 d. C.) ou mesmo até ao encerramento da Academia Platónica de Atenas por Justiniano (529 d. C.). Neste sentido temporal, também se aplica frequentemente o termo clássico para designar o mundo da cultura europeia ocidental desde o Advento do Renascimento até ao advento do Romantismo. No seu sentido ideal, clássico designa um autor excelente em qualquer género ou escola, por exemplo: um clássico do cinema, um clássico do simbolismo, um clássico da pintura. Nesta Unidade Curricular, interessa-nos o sentido de clássico que designa objectos, formas artísticas e valores emanados do mundo antigo greco-romano, porque trabalharemos essencialmente a mentalidade e a cultura de Gregos e Romanos e porque estudaremos obras literárias desse período, tal como Antígona e o Rei Édipo de Sófocles e as Metamorfoses de Ovídio, o que nos permitirá mergulhar por momentos no mundo riquíssimo e fascinante da Grécia e da Roma Antigas, mas também o termo clássico quando aplicado a obras de arte excelentes e intemporais, pois, de facto, qualquer um dos referidos textos literários se converteu numa referência da história da cultura ocidental. Para melhor compreender este último sentido de clássico, sobretudo no domínio literário, propomos-lhe que leia o texto de Ítalo Calvino “Porquê ler os clássicos” (in Porquê Ler os Clássicos, Lisboa, Teorema, s.d., pp. 7-13) e que reflicta sobre o seu conteúdo. Deste modo, poderá valorizar duplamente a sua leitura das obras de Sófocles e Ovídio: como textos emblemáticos da cultura greco-romana e como valores