Bruxarias e heresias no Brasil
Ao contrário do que se pensa a bruxaria não se limitou aos países do hemisfério norte, apesar de serem os casos mais bem documentados e de maior familiaridade tanto para leigos quanto para historiadores. Nas colônias portuguesas e espanholas também houve relatos de práticas pagãs por parte dos índios – vistas como adorações ao diabo – e dentro de suas peculiaridades procuramos entender e discernir os conceitos de bruxaria e heresia aplicados ao Brasil Colonial em comparação à Europa.
O estudo das práticas de bruxaria no Brasil, o papel da Inquisição e o conceito de heresia é complicado pela falta de informações sobre o tema em comparação a outros relatos, mas é um interessante assunto pelo fato de se tratar de um fato conhecido a todos e, ao mesmo tempo, pouco tratado por se referir a um contexto muito específico e difícil de ser inserido em uma aula comum. Para que seja possível entender esses dois conceitos e sua aplicação e particularidades ao se tratar da História do Brasil é preciso compreender seus significados e o painel histórico que teve origem na Europa, no final do século XV e se encerraram no final do século XVIII.
Na Idade Média todas as culturas dispunham de curandeiros e xamãs que eram considerados possuidores de conhecimentos ocultos, dos quais poderiam fazer uso benéfico ou maléfico. Em sua maioria eram mulheres, sendo responsáveis pela realização de partos e conhecedoras de ervas medicinais que acreditavam poder curar tanto o corpo quanto a alma. Ao final do século XV, mais precisamente durante o período renascentista, essas práticas (parcialmente supersticiosas e científicas) foram demonizadas. Existem várias possíveis explicações para a perseguição às bruxas. Uma alega que devido à reestruturação econômica da transição do feudalismo para o mercantilismo – ou seja, de uma organização social essencialmente comunitária para uma mais individualista – e à mudança de pensamento de