brincadeiras
Uma pesquisa revela que as crianças brasileiras brincam pouco – e que os pais não ajudam a mudar esse quadro
Anna Paula Buchalla
As crianças brasileiras não brincam o bastante. Esse é o cenário revelado pelo maior e mais minucioso levantamento já feito no Brasil sobre o hábito de brincar de meninos e meninas entre 6 e 12 anos. Encomendada pela multinacional Unilever e conduzida pelo Instituto Ipsos, a pesquisa foi feita em 77 cidades – um universo que representa 31,5 milhões de pais e 24,3 milhões de crianças. O resultado é preocupante porque dedicar pouco tempo aos jogos pode comprometer o desenvolvimento infantil. Brincar é um dos quatro parâmetros usados para medir o bem-estar de uma criança – ao lado da qualidade do sono, da alimentação e da higiene. Como definiu Brian Sutton-Smith, um dos principais educadores dos Estados Unidos: "O contrário de brincadeira não é trabalho. É depressão". Crianças que brincam mais se tornam jovens e adultos melhores. Os jogos e divertimentos (civilizados, é claro) estimulam a inteligência, ensinam valores, colocam a criança em contato com suas habilidades e dificuldades, despertam a imaginação e a criatividade e aliviam tensões.
Uma conjunção de fatores ajuda a explicar por que as brincadeiras se tornaram escassas na vida das crianças. O primeiro deles é que, desde muito cedo, elas se tornam dependentes de televisão, vídeos e computadores. Não se trata de condenar esses passatempos. O errado é passar muito tempo diante de tais aparelhos. Os meninos e meninas brasileiros são os que mais vêem televisão em todo o mundo. Isso lhes consome, em média, três horas e meia por dia. É muito tempo. "Ver televisão não é brincar", disse a VEJA a psicóloga Ann Marie Guilmette, professora da Brock University, do Canadá. A passividade dos pequenos diante de um aparelho de TV não substitui os estímulos de um jogo de tabuleiro ou de um esconde-esconde. No entanto, um dos dados mais surpreendentes da