Em abril de 2000 o Brasil comemora 500 anos de seu descobrimento – segundo data aceita oficialmente. Sem perder tempo a mídia começa a bombardear-nos com os preparativos para a festa, e com dois anos de antecedência a TV já mostra um relógio que nos avisa a cada dia quantos dias faltam para o grande bacanal. É outra oportunidade, além da copa do mundo, para que cada cidadão vista uma camisa verde-amarela sem medo de parecer cafona, empunhe a bandeira e ensaie cantar o Hino Nacional – como será mesmo que se começa aquela 2ª parte? Na verdade, a data deveria, no mínimo, servir para que questões sérias e profundas fossem levantadas a fim de se fazer um balanço histórico dos cinco séculos do país. Será que os saldos seriam tão otimistas, ou inspirariam luto? A farsa que se representa com uma comemoração ufanista não deixa ver quem é o Brasil, ou quem somos nós hoje. E quem somos, mesmo? Um povo que carrega os grilhões da escravidão – a maior vergonha da nossa história. Negros e índios, escravos de senhores brancos, portugueses, estes aliados da Coroa que por sua vez era submissa a um senhor maior, a Inglaterra. Mas a nossa escravidão não teve fim com a assinatura de um documento pelas mãos de uma princesa benevolente, em 1888. Ela perdura até nossos dias. Só temos mudado de dono, de senhorio. Agora, após termos assimilado a subserviência ideológica aos EUA, passamos a servir as grandes instituições financeiras do mundo globalizado. Aliás, o país já sentiu o gostinho das conseqüências dessa opção com o efeito dominó da crise nos países asiáticos. Há aqueles otimistas, que vêem os progressos miraculosos da nação. Temos uma Constituição exemplar, que pune crimes como o racismo, protege o consumidor, trata de questões como a posse da terra, a educação, os direitos da mulher, da criança. Coisa de país desenvolvido! Outro aspecto que não pode ser esquecido ao comemorarmos os 500 anos é a autenticidade do povo brasileiro. A nossa famosa