Boétie- servidão
Em seu texto intitulado Discurso da Servidão Voluntária¹, Etienne de la Boétie inicia sua composição indagando a respeito da submissão humana à figura política de um único indivíduo à qual as pessoas tendem a se subjugar. Para tanto, o autor classifica essa tendência como um vício humano inerente a muitos (p. 75) que forma uma corrente contínua (pág.100). Boétie afirma que o homem, seja ele insensato ou sábio, procura com anseio por coisas que julga o deixar feliz. No entanto, o pensador chama a atenção para um bem de suma importância que é comumente negligenciado: a liberdade. Para ele, é esse desdém para com tal direito que permite a imagem de um único homem se tornar algo tão forte e que, portanto, lança base sólida para a construção de seres humanos voltados à servidão (pág. 79). Responsáveis por contribuir com a contenção do ideal de liberdade natural do homem, Etienne pontua a existência de três tipos de tiranos que, embora cheguem ao exercício do poder e da autoridade diferentemente, reinam com o mesmo propósito: domação do povo. O ser humano, quando ainda visto com tal, se sujeita a dados príncipes maus principalmente por causa de dois fatores: a ilusão (devassidão, jogos públicos) e a força armada (pág. 83). A fim de solidificar seu argumento, o filósofo francês sequencia uma situação recorrente que leva o homem à sujeição. Para ele, em um primeiro plano, a servidão é contrariada e forçada. Contudo, com o passar das gerações, o gosto da liberdade se torna tão longínquo e esquecido que a submissão configura-se em uma ação voluntária. É nesse ponto de inflexão que o hábito suprime o direito natural (pág.88). Torna-se árduo, por consequência, remediar a essência daqueles que nascem servos e são criados na