O poder
O objetivo deste trabalho é discutir a questão do poder. Trata-se de assunto de extrema importância para as ciências humanas e, por isso mesmo, de difícil esgotamento. Cientistas políticos e sociais, psicólogos, antropólogos, historiadores, juristas e filósofos estudam há séculos esse fascinante tema. Poetas, dramaturgos e romancistas se valeram da discussão do poder como suporte para a construção de obras imortais.
Maquiavel, Montesquieu, Locke, Michel Foucault, Bertrand Russell, entre inúmeros outros pensadores, ocuparam-se de discutir as características do poder, desvendar as maneiras de obtê-lo, questionar sua legitimidade. Na presente obra, terá espaço um painel sobre como essa questão instigante vem sendo abordada. Para melhor focalizar o assunto, o texto centrar-se-á especificamente na forma como o poder é tratado por dois pensadores: o italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) e o francês Etienne de La Boétie (1530-1563), cujas obras permanecem ponto de referência imprescindível em se tratando da questão do poder. Ao mesmo tempo, será promovido um diálogo entre a obra desses pensadores e outros textos sobre o mesmo tema. Trata-se de teorias de filosofia política do início do capitalismo. O Príncipe, de Maquiavel, e o Discurso da Servidão Voluntária, de La Boétie, focalizam a formação do Estado moderno no seio do Renascimento.
A discussão procura cortejar as duas obras no que tange às relações de poder entre o governante e o povo. Tanto Maquiavel quanto La Boétie discutem as formas de poder. Maquiavel tenta demonstrar, por meio de um tratado, as maneiras que um soberano possui para chegar ao poder e mantê-lo. Sonha com o Estado unitário e com um príncipe que reúna condições suficientes para realizá-lo. La Boétie discute a legitimidade do poder e critica o autoritarismo. Dessa forma, analisa o tema do ponto de vista dos dominados. Enfim, enquanto um trata o poder levando em consideração os poderosos, o outro levanta o problema do