Bioetica
José Geraldo de Freitas Drumond
*Palestra proferida no Seminário de Ética na Pesquisa/FAPEMIG, Belo Horizonte, 1 e 2 de abril de 2005.
**Professor Titular da Universidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES (MG) e Presidente da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais-FAPEMIG.
INTRODUÇÃO
O homem é um ser intrinsecamente tecnológico, pois desde a Antiguidade utilizou procedimentos tecnológicos para melhor se adaptar ao seu habitat, quer pela descoberta e desenvolvimento do vestuário para a proteção de seu corpo, quer pela elaboração de novos alimentos como queijo, iogurte e cerveja que, na realidade produtos biotecnológicos, mesmo que a sua essência (as transformações químicas produzidas pelos microrganismos) só fosse conhecida posteriormente.
A palavra tecnologia originou-se entre os antigos gregos. Aristóteles na sua “Ética a Nicômaco”, usa o vocábulo Tykne ou techne em contraposição à Ananke. Esta significava a realidade na qual o homem não poderia intervir, como a seqüência das estações do ano (o verão após a primavera, depois o outono e o inverno), o nascer do sol no leste e o seu ocaso no oeste, enfim, os fatos já pré-determinadas, daí a palavra latina fatum ou necessitas absoluta. A tykne ou techne representaria a realidade sobre a qual o homem pode intervir. Esta realidade não estaria pré-determinada, mas apareceria por obra do acaso e, sendo assim, pode ser mudada, de acordo com as necessidades e conveniência dos humanos.
As intervenções produzidas pelo homem na natureza foram se incorporando à sua cultura e, ao longo desta caminhada da humanidade até os dias atuais o homem vem fazendo ciência ao aplicar os seus conhecimentos para atender às suas necessidades.
Para alguns, entretanto, o marco inaugural da ciência se deu no ano de 1609, quando Galileu Galilei observou a lua por meio de um tosco telescópio. Embora a ciência sempre estivesse com o homem, este foi um momento extraordinariamente novo e