bertrand russell
“ Suponhamos que o relógio da Igreja da nossa terra sempre funcionou bem. Por essa razão, todos os dias nos orientamos por ele para sabermos as horas. Numa manhã, após sairmos de casa, ao olharmos para o relógio constatamos que são 8 horas, formando a crença de que são 8 horas. Ora, se admitirmos que são efectivamente 8 horas, então a nossa crença é uma crença verdadeira. E está justificada? Sem dúvida. O facto de o relógio sempre ter funcionado perfeitamente no passado é uma boa razão para acreditarmos nas horas que vemos marcadas no relógio. Admitamos agora que, sem que o soubéssemos, o relógio tinha avariado no dia anterior, tendo parado precisamente às 8 horas.
Conclusão: temos, neste caso, uma crença verdadeira justificada que não é conhecimento
Este ex: mostra que as três condições que até então eram consideradas, no seu conjunto, suficientes para haver conhecimento se revelam agora insuficientes. A proposição é verdadeira, temos razões para acreditar nela e, no entanto, nunca poderíamos ter esse conhecimento. Porquê? Porque a justificação – o ter funcionado de forma infalível no passado- não apoia a crença. Na realidade, é o facto de o relógio ter deixado de funcionar que garante a verdade da proposição. Assim, a possibilidade de a proposição ser verdadeira resulta de um mero acaso.
( objecções levantadas por Russell e Gettier motivaram e abriram um amplo debate em torno das condições a que uma proposição deve obedecer para poder dizer justificada)
Goldman:
Goldman propõe uma 4 condição necessária em que a pessoa que sabe tem também de estar casualmente ligada com os aspectos relevantes da realidade responsáveis pela verdade da sua crença.