Bertrand Russell
Bertrand Russell diz que a Ética se resume ao “desejo individual” transferido para a dimensão colectiva. Quando eu digo: “José Sócrates é um engenheiro da treta”, acreditando eu no que eu digo ou não, sendo na minha opinião, verdade ou não, eu “desejo” que todos “desejem” acreditar no que eu digo. E se todos ou a maioria acreditarem no que eu digo, passa a fazer parte da Ética a ideia de que José Sócrates é um engenheiro da treta. Isto é o resumo da visão de Russell sobre a Ética.//// Russell resume a Ética a uma componente da Política – diria mesmo que, para Russell, a Ética e a Política são a mesma coisa.
Porque – seguindo o raciocínio de Russell – a Ética não é verdadeira ou falsa (“não contém asserções verdadeiras ou falsas”), é tão legítima a Ética de Hitler, que “desejou” a morte de milhões de pessoas, e que “desejou” e convenceu milhões de alemães a “desejar” matar milhões de não-alemães, como a Ética de Jesus Cristo, que “desejou” a paz entre os homens. Para Russell, a Ética de Hitler e a Ética de Jesus Cristo são equivalentemente irracionais e por isso, igualmente legítimas. //////Russell entende que a Moral, que como sabemos é decorrente da Ética, “deve procurar apenas alterar os desejos dos homens de modo a diminuir o número de ocasiões de conflito, tornando possível a realização dos respectivos desejos” (sic, “Religião e Ciência” – Bertrand Russell). Seguindo o raciocínio de Russell, se os “desejos” de uma parte dos homens que compõem a nossa sociedade fosse o de matar pretos, a Moral tanto podia procurar alterar os “desejos” desses homens que “desejam” matar pretos, como poderia procurar alterar os “desejos” dos homens que não “desejam” matar pretos, tendo como objectivo último diminuir as ocasiões de conflito e tornando possível a realização dos respectivos “desejos” da sociedade em geral. Para Russell, o facto de se matarem pretos ou não é um detalhe despiciendo e de importância relativa; o importante para Russell não é que se