BATER NÃO É EDUCAR
Por Giovanna Balogh em 05 de junho de 2014, em Folha de São Paulo.
Toda e qualquer reportagem sobre a “Lei da Palmada”, que foi aprovada na quarta-feira (04/06) no Senado e agora vai para a sanção da presidente Dilma, vem acompanhada de comentários na linha “eu apanhei dos meus pais e hoje sou um homem honesto e educado”, “estão criando marginais. Toda criança precisa de palmadas” ou ainda “ninguém vai me ensinar como educar meus filhos”.
Bom, realmente ninguém deve se intrometer no tipo de educação que damos para os nossos filhos, mas desde quando bater é educar? Muitos pais acham que se não batem, não têm o respeito dos filhos e vão criar pequenos ‘monstrinhos mimados’.
A neurocientista e mãe de duas crianças, Andréia C.K. Mortensen, explica que nossa sociedade é da cultura do “bater para educar”, mas diz que é possível sim não levantar a mão para uma criança, não colocá-la de castigo e ainda assim ter crianças educadas, carinhosas que vão descobrindo no dia-a-dia o que podem ou não fazer. Para ela, o mais importante é os pais se conectarem com a criança e tratar os filhos com respeito.
“É importante sempre saber o contexto e o motivo daquele comportamento. Em vez de punir, o melhor é trabalhar com eles e investir na colaboração mútua entre pai e mãe. Acreditar que a criança bem cuidada e amada se comporta da melhor maneira que pode”, comenta Andreia, que escreveu com a neurocientista Ligia Moreiras Sena o livro recém-lançado “Educar sem violência : criando filhos sem palmadas”. As duas contam que escreveram o livro com base na maneira como criam os próprios filhos em casa, ou seja, sem o uso de qualquer tipo de violência.
Muitas vezes as crianças fazem birras e os olhares tortos de terceiros acabam constrangendo a nós, pais. Mas, esses ‘chiliques’ são normalmente culpa dos próprios pais que não entendem que aquela criança está com alguma necessidade física não atendida, como cansaço, sono, tédio,