bases-socio antropologicas
Por Caroline d’Essen e Torsten Müller
“Com relação à questão judaica, o Führer decidiu fazer uma limpeza étnica. Ele profetizou que se os judeus causassem uma nova guerra mundial, eles viveriam para ver sua aniquilação total. Isso não foi apenas uma frase. A guerra mundial está acontecendo agora e a aniquilação dos judeus será sua principal consequência” - Diário pessoal de Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista de Adolf Hitler, em 1941.
O trecho acima faz referência à “Solução Final”, nome pelo qual ficou conhecido o plano nazista de genocídio sistemático da população judaica durante a Segunda Guerra Mundial. Setenta anos se passaram deste momento até agora. Muito aconteceu desde então. O tribunal de Nuremberg julgou os crimes cometidos pelos nazistas, o Estado alemão pagou indenizações às vítimas do Holocausto, e se esforçou para construir uma imagem positiva do país nos anos seguintes ao conflito. A Guerra Fria polarizou o mundo entre lideranças americanas e soviéticas por cerca de 45 anos. A disputa também dividiu o país em dois: a Alemanha Ocidental e Oriental. Em 1989, com a reunificação alemã e a adoção de leis de imigração, o número de judeus vindos de antigos países soviéticos fez com que a comunidade judaica na Alemanha quadruplicasse o seu tamanho.
Heide Sobotka, responsável há 18 anos pela editoria de sociedade do jornal judaico-alemão Jüdische Allgemeine, conta que a entrada desses imigrantes fortaleceu a sociedade judaica com a construção de novas sinagogas e centros judaicos, além de ter contribuído para a reconquista da autoconfiança dos judeus. Apesar do aparente cenário positivo, algumas questões ainda permanecem: quão integrados eles estão na sociedade alemã? Como lidam com o passado histórico? Quem são as diferentes gerações de judeus vivendo no país? Que perspectivas podem ser