Balé
A dança se localiza em campo limítrofe entre a Arte e a Educação Física. Ela se apresenta como Educação Física quando se basta na manifestação diversificada de movimentos corporais e de sua execução. Já como objeto do campo das Artes, ela precisa necessariamente incluir a emoção, que se apresenta por meio das expressões corporais para quem dança, e por meio da surpresa perante os movimentos dos bailarinos, por parte de quem assiste.
A elite ocidental assumiu o desenvolvimento da dança clássica como um elemento de superioridade civilizatória perante outras manifestações de dança. Um trecho retirado da obra de Ribas (1959) esclarece o que quero dizer: “Embora hoje em dia o homem ainda tenha as suas danças não artísticas, isto é, as danças de puro passatempo e às quais vulgarmente se dá o nome de danças de salão – no que, aliás, de certo modo se assemelham ao homem primitivo – a verdade é que a grande expressão superior da dança entre as sociedades civilizadas é a artística, aquela a que comumente se dá o nome de balé” (p. 20).
Não há dúvidas de que essa citação assusta, uma vez que assume uma postura evolucionista do mundo e da dança. Porém, utilizei-a porque foi dessa forma que o balé se consagrou como uma dança “superior” em todo o ocidente. Esse fato se deve à sua história: o balé é uma dança derivada da dança de corte, portanto, é resultado de uma manifestação aristocrática. Além disso, ela apresenta elementos bastante caros à noção de civilização: rigidez corporal e disciplina, além de ser executada a partir de músicas de concerto. Ainda que a “supremacia do balé” sobre as outras danças tenha vigorado por muito tempo em nossa sociedade, atualmente o balé é visto como uma importante dança dentre outras também importantes, assim como a dança de salão e a sua vertente “dança moderna”.
Assistir a um espetáculo de balé provoca uma emoção muito particular, haja vista que música, movimento e expressão são combinados e executados de modo tão perfeito que