Avaliacao educacional
Uma das noções fundamentais presentes na produção analítica de Michel Foucault é sobre o poder. Conforme Foucault (1982, p. 248),
[...] O poder não existe. Quero dizer o seguinte: a idéia de que existe, em um determinado lugar, ou emanando de um determinado ponto, algo que é um poder, me parece baseada em uma análise enganosa e que, em todo caso, não dá conta de um número considerável de fenômenos. Na realidade, o poder é um feixe de relações mais ou menos organizado, mais ou menos piramidalizado, mais ou menos coordenado.
Para Foucault, o poder não é fundamentalmente uma propriedade, é correlação de forças (forças em relação), a serem problematizadas conforme as especificidades de cada contexto/lógica/estratégias em que se dão. Essa fecunda idéia de que poder é sobretudo relação, que é ação multidirecional, com efeitos não lineares, aparece também neste comentador:
[...] As pessoas são induzidas a julgar-se com vistas a uma certa administração, governo e transformação de si. As pessoas têm que fazer algo consigo mesma em relação à lei, à norma, ao valor. E isso, uma ação, um fazer que afeta algo, um afetar, é justamente a definição foucaultiana de poder. O poder é uma ação sobre ações possíveis. Uma ação que modifica as ações possíveis, estabelecendo com elas uma superfície de contato ou, às vezes, capturando-as a partir de dentro e dirigindo-as, seja impulsionando-as, seja contendo-as, ativando-as ou desativando-as. As operações do poder são operações de conter ou impulsionar, incitar ou dificultar, canalizar ou desviar (LARROSA, 1994, p. 78; grifos meus).
Subentende-se nessas citações algumas importantes considerações a respeito da dinâmica de poder: para Foucault ele não age sobretudo negativamente, por repressão; e ele não é exercido unilateralmente, apenas a partir das grandes estruturas em direção aos