Auto da barca do inferno - actualidade
Na minha opinião, o Auto da barca do Inferno é uma peça que se enquadra na actualidade, visto que diversas ocorrências do quotidiano se assemelham a situações referidas na peça.
Todas as personagens têm características idênticas às da sociedade atual. Segundo o provérbio latino “Ridento Castigat Mores”, que significa que a rir se corrigem os costumes, Gil Vicente pretende fazer uma crítica a diversos vícios sociais, nomeadamente do clero e da nobreza, ridicularizando-os e moralizando-os de uma forma cómica, mas dizendo todas as verdade; verdades essas que ainda persistem visíveis nas características das pessoas:
O Fidalgo caracteriza-se pela sua presunção, vaidade e tirania sobre o povo, sendo utilizado como crítica à nobreza. Este aproveita-se também da sua condição social para desprezar o povo, que na atualidade se verifica através de indivíduos que julgam ter o mundo nas mãos através das suas posses.
O Onzeneiro morreu subitamente quando cobrava dinheiro emprestado com o juro excessivo, a onzena, caracterizando-se assim pela ambição, que cada vez mais existe na sociedade de hoje em dia, ou , seja, as pessoas não olham a meios para adquirir bens.
O Parvo é ingénuo, humilde, irónico, simples, exprime a pureza dos pobres de espírito e é comparável aos inocentes da época contemporânea, enganados por exploradores. Este também era rejeitado pela sociedade da altura assim como agora deficientes ou pessoas com menos capacidades são discriminadas.
O Sapateiro identifica-se com a falsidade e ignorância dos católicos do seu tempo, que são falsos cristãos, e acha que irá para o Céu por ter tido uma prática religiosa que não aplicava no dia a dia, o que também se sucede agora, como por exemplo, em pessoas que se dizem muito crentes e fazem tudo para o parecer mas, na realidade, têm atitudes opostas, como sacrificar os mais necessitados.
Na cena do Frade pretende-se criticar o carácter mundano deste e também o clero pela