AUTO DA BARCA DO INFERNO - GIL VICENTE
FUVEST / UNICAMP / 2012
AUTOR
ÉPOCA
GÊNERO
Valdir Ferreira
: Gil Vicente
: Humanismo em Portugal
: Dramático – auto (= peça teatral de caráter religioso e moralizante)
I. SÍNTESE DA PEÇA
Nessa peça teatral, Gil Vicente figura um porto num rio que separa o mundo dos vivos do mundo dos mortos. Nele estão ancoradas duas barcas: uma, dirigida por um Anjo, conduz as almas que vão para o Paraíso; outra, conduzida por um Diabo e um auxiliar, tem por objetivo transportar para o
Inferno as almas condenadas. Diante dessas barcas, desfilam várias personagens (almas) representativas de diversas camadas sociais portuguesas da época.
Seguindo a marcação estabelecida pelo autor, poderíamos, para fins didáticos e melhor compreensão, fazer a divisão do texto em cenas, conforme segue abaixo.
CENA 1
O Diabo e um auxiliar preparam a barca para receber almas condenadas e levá-las para o Inferno.
CENA 2
Aproxima-se da Barca do Inferno um Fidalgo chamado Dom Anrique, acompanhado de um pajem que lhe traz uma cadeira. Indaga do Diabo o destino daquela barca. A resposta não lhe agrada. Ele dirige-se à Barca do Céu e pede ao Anjo que o deixe entrar. Este não permite que ele entre e acusa-o de tirano e orgulhoso, pois, em vida, desprezou as pessoas humildes. O Fidalgo retorna à Barca do Inferno e embarca sem a cadeira e sem o pajem que a trazia.
Para piorar sua situação, fica sabendo pelo Diabo que sua mulher estava muito feliz por ele ter morrido.
CENA 3
Em seguida, carregando uma bolsa vazia, vem um Onzeneiro (= agiota, pessoa que pratica a onzena, isto é, empresta dinheiro cobrando taxa de onze por cento). Ele recusa o convite feito pelo Diabo. Esperando ser salvo, dirige-se à Barca do Céu, mas é impedido de embarcar pelo Anjo que o condena pela prática de agiotagem. Volta à Barca do Inferno e nela embarca.
CENA 4
Joane, o Parvo, aproxima-se da Barca do Inferno. Conversa com o Diabo a quem conta que morrera vítima de