Análise de auto da barca do inferno: a literatura de gil vicente.

Este trabalho tem como objetivo analisar através de leituras e pesquisas, a obra literária escrita por Gil Vicente O Auto da Barca do Inferno, e suas alegorias com relação ao Humanismo. Para isto, utilizamos como exemplos as cenas do Fidalgo, um personagem vicentino muito interessante que representa a nobreza e caracteriza todo o jogo de poder em que o Clero e a Nobreza dominavam o restante das classes. E, comparando este personagem com os Quatro Cavaleiros, que morreram pela Fé Cristã, evidenciamos algumas críticas que Gil Vicente faz a sociedade por meio dessa obra. O Auto da Barca do Inferno é uma obra da escola literária de transição entre o mundo medieval e a Europa renascentista: o Humanismo. Caracterizado, principalmente, por retomar valores religiosos e apontar críticas sociais. Tais características são observadas durante toda a obra, com a presença de personagens teológicos: o Anjo e o Diabo, e o constante julgamento dos demais em uma crítica a sociedade, seus hábitos e valores. Por exemplo, nos versos 80 ao 83, quando o Fidalgo tenta usar de sua posição na sociedade como uma razão para entrar na barca do paraíso: Fid. Sou fidalgo de solar, é bem que me recolhais. Anjo Não se embarca tirania neste batel divinal. Nos versos 103 a 105 o Anjo apresenta ao fidalgo o motivo deste não poder embarcar: Anjo desprezastes os pequenos, achar-vos-ei tanto menos quanto mais fostes fumoso. Nesta 1ª cena, Gil critica a ideia de soberba, ou seja, de que um grupo de pessoas seja superior às outras. Na construção dessas críticas ele utiliza o humor, fortemente presente nos diálogos com o Diabo. Como nos versos 43 a 49, quando o Diabo caçoa do Fidalgo por sua ignorância em pensar que poderia viver do jeito que quisesse, egoísta e presunçosamente, e ainda assim ir ao Paraíso. Para argumentar a seu favor, o Fidalgo diz ter em vida quem reze sempre por ele: Fild. Que leixo na outra vida quem reze sempre por mim. Diabo Quem reze sempre por ti?!.. Hi,