Ato da fotográfia
O que faremos agora é uma abordagem conceitual da fotografia com o intuito de identificar no processo histórico, como o surgimento dessa técnica/arte mudou o pensamento de uma época, influenciando as artes e até mesmo as ciências. Não nos preocuparemos nesse primeiro momento em trabalhar a leitura fotográfica e tampouco a sua construção, deixando essas etapas para um momento posterior. Abordaremos a questão dos signos e seus desdobramentos para a fotografia.
"Signo é uma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como signo se carregar esse poder de representar, substituir uma outra coisa diferente dele." SANTAELLA (1983, p.58).
Detalharemos sobre as diferenças entre índice, ícone e símbolo no corpo desse texto.
Embora seja predominante esse discurso da mimese atribuído a fotografia no século XIX, Dubois ressalta que nesse contexto já existiam manifestações contrárias a esse discurso. Surge então o “picturialismo”. Pretendendo reagir contra o culto dominante da foto como simples técnica de registro do real, os picturialistas trataram a fotografia exatamente como uma pintura, manipulando as imagens de todas as maneiras.
Utilizaremos à obra do autor Philippe Dubois (1993) como principal referencial teórico de nossa análise. A intenção não é fazer uma abordagem teórica profunda das discussões do autor, mas de maneira geral, expor suas principais argumentações que consideramos importantes para entender a evolução conceitual em torno da fotografia.
Philippe Dubois é o autor contemporâneo que aprofundou a análise da fotografia pelo viés semioticista. [...] Ao abordar e fazer um itinerário histórico da questão do realismo fotográfico, Dubois encontra posições contrárias que vão emitir valores e conceitos contraditórios. Nos seus primórdios, com sua ênfase no fascínio da representação realística da realidade, a imagem técnica funda um discurso que perdura até os dias de hoje, de localizá-la no âmbito da analogia.
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