O ato fotográfico
Phillippe Dubios
Campinas, SP: Papirus, 1999
INTRODUÇÃO
Com a fotografia, não nos é possível pensar a imagem fora do ato que a faz ser.
A foto não é apenas uma imagem (...) é uma representação de papel que se olha simplesmente em sua clausura de objeto finito (...) é também, algo que não se pode conceber fora de suas circunstâncias, fora do jogo que a anima sem comprová-la literalmente: algo que é, portanto, ao mesmo tempo e consubstancialmente, uma imagemato, estando compreendido que esse “ato” não se limita apenas ao gesto da produção da imagem (o gesto da “tomada”), mas inclui também o ato de sua recepção e de sua contemplação. A fotografia, em suma, como inseparável de toda a sua enunciação, como experiência de imagem, como objeto totalmente pragmático. Implica de fato a questão do sujeito, e mais especificamente do sujeito em processo.
As três perguntas fundamentais que se fazem a qualquer obra de arte (O que está representado? Como aconteceu? Como é percebida?)
CAP. 1: DA VEROSSIMILHANÇA AO ÍNDICE
Questão fundamental: a relação existente entre o referente externo e a mensagem produzida por esse meio (a fotografia). Trata-se da questão dos modos de representação do real ou, se quisermos, da questão do realismo.
Existe uma espécie de consenso de princípio que pretende que o verdadeiro documento fotográfico “presta contas do mundo com fidelidade”. Foi-lhe atribuída uma credibilidade, um peso de real bem singular. Essa virtude irredutível de testemunho baseiase principalmente na consciência que se tem do processo mecânico de produção da imagem fotográfica. (...) A fotografia, pelo menos aos olhos do senso comum, não pode mentir.
Nela a vontade de “ver para crer” é satisfeita. A foto é percebida como uma espécie de prova , ao mesmo tempo necessária e suficiente, que atesta indubitavelmente aquilo que mostra. Percurso histórico das diversas posições defendidas pelos críticos e teóricos quanto ao