Atendimento psicológico em desastres naturais
Cheguei com o grupo voluntário no aeroporto de Florianópolis perto das 14 horas do dia 05 de dezembro, recém preparada para dar assistência psicológica às vitimas do desastre. A intervenção de campo impede que tenhamos o controle do setting terapêutico, portanto, nada sabia sobre seu andamento. O primeiro grupo, que veio na frente, já havia preparado as acomodações, então eu estava com vantagem, pois cheguei com tudo organizado.
As técnicas de intervenção em situações de emergência são delimitadas e específicas, com roteiros próprios de aplicação, e deu, a nós, psicólogos do grupo, tranqüilidade e objetividade, pois a intenção é proporcionar apoio, esperança e acolhimento ao maior número de pessoas atingidas possíveis. Mesmo assim, diante do desconhecido, poderia me deparar com casos que me faria fugir de qualquer de qualquer preparação anterior. O fato de estar ali, porém, trouxe à tona todos os desejos que o psicólogo tem de prover o bem estar. Neste momento, deixei em casa a ansiedade e o medo e me tornei forte, corajosa e otimista.
O cronograma do grupo dependia da autorização dos lideres locais (prefeitos, secretarias e defesa civil), que indicariam locais mais atingidos e abrigos onde nosso trabalho seria melhor aproveitado. A burocracia para dar ajuda também é grande, envolve discussão política e negociações. Os coordenadores do grupo se encarregaram deste trabalho.
A cada dia, nos dirigíamos a uma cidade atingida, chegando a abrigos que acomodavam algumas famílias. Aquelas pessoas haviam perdido suas casas e entes queridos, como mães e filhos. O local exalava a tristeza e desesperança. Sabia que seria útil. Em conversa com a liderança local, delimitávamos as necessidades. Crianças estavam ali sozinhas, em decorrência dos pais terem ido trabalhar ou tentar recuperar alguns bens na casa atingida. Os