Associações sobre a ciência moderna
Sobre a foraclusão do sujeito, a sutura e a linguagem.
Dra Marta Inés Arabia martarabia@yahoo.com.br A inserção histórica cultural da psicanálise delimita-se a partir dos modelos vigentes na época, especialmente os vinculados aos modelos da termodinâmica e do evolucionismo, o espaço em que o discurso psicanalítico vai se configurando instala, por sua vez, o que pode parecer um paradoxo, segundo Lacan. Isso acontece quando se estabelece o ponto de coincidência entre o sujeito que é teorizado com o advento da psicanálise e aquele da ciência moderna.
Lacan apresenta assim esta coincidência no artigo “A Ciência e a verdade”: “Dizer que o sujeito sobre que operamos em psicanálise só pode ser o sujeito da ciência talvez passe por um paradoxo” 1
A este respeito Nina Leite comenta: “… para Lacan a Psicanálise não é concebível sem a sutura que a ciência moderna opera com relação ao sujeito” 2
No discurso da ciência, o sujeito está suturado, o que não quer dizer que esteja ausente senão, ele está representado na cadeia significante (lembremos que foi a partir da consideração das rupturas da cadeia que a psicanálise foi possível). Por isso diremos que a sutura fracassa.
A sutura nomeia a relação entre o sujeito e a cadeia, ele figura nesta como um elemento que falta, sob a forma de um representante. Pois ao faltar não está simplesmente ausente. 3
O significante será o elemento que representa este sujeito. O artigo “A ciência e a verdade” anuncia que a sutura não favorece o fechamento da cadeia; Lacan aí quer mostrar-nos que “a ciência fracassava em suturar ou em formalizar integralmente o sujeito”.
O fator certeza é fundamental para pensar o sujeito da psicanálise. Queremos destacar com esta afirmação que o sujeito freudiano funda-se na base de uma certa economia egóica a partir de Descartes e a formalização do cogito. Pensemos em Sócrates. Quando ele é convidado a se suicidar ou sair da Grécia, prefere