As ideias estao no lugar, Maria Sylvia

Este ensaio, “A práxis liberal no Brasil”, traz no título dois conceitos importantes, cujo uso Wanderley procura esclarecer nas primeiras linhas do seu texto. Então, Práxis o autor entende do modo que nós aqui também já estamos habituados a entender e que, aliás, é o chão comum dos autores deste curso: a ação política orientada estrategicamente por ideias ou ideias traduzidas em comportamentos. Não se trata nem da pura ação, nem da pura doutrina. Com liberal ou liberalismo Wanderley evoca o conceito de organização social e econômica que iguala maximização dos lucros individuais à maximização do bem-estar geral. Ou seja, aquela ideia de que os indivíduos, ao competirem entre si pelo máximo de lucros pessoais, garantiriam dessa forma justiça, bem-estar geral e máxima eficiência na alocação de valores e recursos, sendo desnecessário e mesmo danoso a intervenção de qualquer poder transcendente à essa dinâmica de mercado. Essa é uma delimitação e uma conceituação importante que permitirá ao autor, no avançar do seu argumento, conectar o pensamento autoritário brasileiro ao pensamento liberal. Por isso ele argumenta que o conjunto de liberdades civis básicas – de associação, de pensamento, de organização política – já pertence à herança civilizatória e que a associação histórica entre esse conjunto de liberdades e às sociedades de mercados foi contingente e não necessária.

Dito isso, o Wanderley procura analisar como se deu o processo, empreendido por nossas elites, de instaurar uma sociedade segundo esse modelo e organização social, uma sociedade de mercado, no Brasil, enfim, como se deu a práxis liberal no nosso país.
Ele localiza nos anos, ou melhor, nas décadas anteriores à declaração da nossa independência um momento importante e mesmo decisivo, tanto na conjuntura internacional quanto na conjuntura nacional, ligadas que estavam obviamente. Então nós temos, no Brasil, uma economia cíclica, com altos, como no período da exploração das minas nas regiões