Atores sociais
Cultura, dominação e sujeitos sociais
SYLVIA GEMIGNANI GARCIA
RESUMO: Neste artigo, exponho algumas linhas mestras de uma abordagem que enfatiza a dimensão simbólica das relações de dominação e a ambigüidade da consciência dominada na produção acadêmica brasileira recente. Em seguida, discuto a crítica ao irracionalismo dessa perspectiva analítica e delineio, em oposição à primeira, a crítica ao comprometimento de tal enfoque com diretrizes racionalistas de concepção dos sujeitos sociais. Finalizo a discussão indicando as potencialidades desse tipo de abordagem no cenário das reflexões contemporâneas sobre os sujeitos sociais e políticos.
UNITERMOS: cultura, dominação, sujeito, estrutura, ordem social, sociologia, antropologia, Brasil.
partir dos anos 60, um intenso movimento de questionamento teórico e metodológico dinamiza o campo da investigação científica dos fenômenos sociais. No bojo de um amplo processo cultural de crítica da sociedade moderna, que dá visibilidade aos limites e perversões da civilização ocidental em relação a seus próprios princípios e objetivos, constitui-se o mais recente momento de inflexão na história das ciências sociais, quando a vinculação entre simbólica e poder torna-se um dos traços distintivos do pensamento nessas disciplinas. Embora não se trate de caracterizar esse movimento de forma unívoca, não há dúvida que a questão das relações entre estrutura e sujeito configura-se como um de seus traços distintivos. Nesse âmbito, ele define-se pela articulação entre cultura e política, baseada na consideração da heterogeneidade social das representações e das experiências vividas, que se afirma contrapondo-se diretamente a um enfoque identificado pela prioridade analítica concedida às estruturas, à