As cadeias de significações da Différance
Estudos de teoria literária IV
Ana Elisa Costa Ferreira
As cadeias de significações da Différance
Conceituar o termo Différancecunhado por Jacques Derrida pode resultar em um trabalho complexo e inconclusivo. O capítulo que ele discute sobre esse termo no livro “Margens da filosofia” proporciona uma leitura desconstrutiva, pois atravessa diversos conceitos já construídos e os transforma de alguma forma, o texto perfura identidades fixas e produz diferenças. A complexidade encontra-se na quantidade de conceitos desconstruídos: há muitas as possibilidades de interpretação, ele adentra diversas esferas da atividade humana, porém o que mais saltou aos meus olhos foi a forma que Derrida desconstruiu a linguagem e seu sistema de signos.
Começarei comentando sobre o está mais visível na obra, a troca da vogal “e” pela “a” na palavra francesa Différrence. Ela só é perceptível na escrita, pois na fala ambas vogais possuem a mesma pronúncia. Esse ponto já é passível de algumas interpretações, a primeira delas é que Derrida desconstrói uma possível correspondência entre fala e escrita, onde a escrita não pode ser determinada como a total representação de algo, pois se vê claramente um erro ortográfico, mas não é possível ouvi-lo, ressaltando que nem sempre a forma escrita é ouvida, vulgo compreendida.
Nessa desconstrução há uma diferenciação entre o inteligível e o sensível, a compreensão do que lemos não está estreitamente ligada ao significado do que estáescrito, nem sempre sentimos apenas o que estamos vendo, nem sempre sentimos apenas o sentido literal. Portanto, a escrita não abarca todo significado que pode ser extraído dela. Nas palavras do filósofo:
Tudo no traçado da diferença é estratégico e aventuroso. Estratégico porque nenhuma verdade transcendente e pressente fora do campo da escrita pode comandar teologicamente a totalidade do campo. Aventuroso porque essa estratégia não é uma simples estratégia no sentido em