Arte e Religião
A Arte
Pode-se dizer que a unidade do eterno e do novo visivelmente impossível faz-se pelos e para os humanos, chama-se arte. Para Maurice Merleau-Ponty a arte é o advento em vir a ser do que nunca antes existiu. Como cita no seu ensaio A linguagem indireta e as vozes do silêncio:
O primeiro desenho nas paredes das cavernas fundava uma tradição porque recolhia uma outra: a da percepção. A quase eternidade da arte confunde-se com a quase eternidade da existência humana encarnada e por isso temos, no exercício de nosso corpo e de nossos sentidos, com que compreender nossa gesticulação cultural, que nos inseri no tempo.
Merleau-Ponty nada mais fala de que a compreensão da arte nos primeiros desenhos, nas paredes das cavernas, mostram o surgimento do próprio artista e da própria arte. Em A Dúvida de Cézanne, do mesmo autor, ele esclarece a busca e a criação do artista:
Vivemos em meio aos objetos construídos pelos homens, entre utensílios, casas, ruas, cidades e na maior parte do tempo só os vemos através das ações humanas de que podem ser os pontos de aplicação... Só um humano, contudo, é justamente capaz desta visão que vai até as raízes, a quem da humanidade constituída... O artista é aquele que fixa e torna acessível aos demais humanos o espetáculo de que participam sem perceber.
A unidade do eternamente novo do que trata Merleau-Ponty, também se