Arte, poder e religião
A arte, o poder e a religião se entrelaçaram muitas vezes na história. No entanto, é no período que compreende o Renascimento Cultural na Idade Média que essa associação tomou formas mais claras.
A Itália foi berço desse movimento que a tornou centro de cultura e arte. O renascimento nasceu em Florença atingindo seu apogeu enquanto a família Médici governava a cidade. Quando membros dessa família foram para Roma assumir cargos na Igreja, foi Roma que se tornou o centro artístico de então. Artistas como Michelangelo, Rafael e Boticelli dão renome à produção artística da época.
O fator que mais impulsionou as artes nesse período foi o mecenato. A burguesia italiana enriquerecida buscava, através da arte, auferir prestígio e status à sua classe que, destituída de poder político, desejava intensamente afirmar sua importância econômica. A arte era, portanto uma maneira de mostrar poder. Essa foi também uma das razões do uso da arte pela maior mecenas da época, a Igreja. As enormes riquezas possuídas pela Igreja possibilitaram que ela patrocinasse diversos artistas. O maior exemplo é a contratação de Michelangelo pelo Papa Júlio II para que pintasse o teto da Capela Sistina. A própria construção da Capela foi parte da política do Papa Sisto IV para restabelecer o prestígio e o poder do papado na sua volta a Roma, após breve instalação em Avignon. É com essa reinstalação que Roma se torna, como já foi dito, centro renascentista.
As famílias que patrocinavam as artes eram também as que ditavam os rumos da política italiana. As famílias Orsini e Colonna detinham enorme poder, em parte devido à aliança que faziam com o papado. Da família Orsini vieram papas como Bento XIII e Nicolau III. Na verdade até a chegada do Papa Alexandre VI, o papado ficava sob o jugo dessas famílias, como bem analisado por Maquiavel no capítulo XI de seu livro ‘‘O Príncipe’’. Segundo ele, a ação das famílias Orsini e Colonna: “mantinham o pontificado fraco e enfermo’’.