Arte e publicidade
Quando se fala em publicidade, não restam dúvidas de que sua real finalidade seja propor ao público, adesão total ao produto ou ideia enunciados. A hipótese de que é possível à publicidade fazer arte, coloca em questão a convivência de valores estéticos numa linguagem assumidamente comercial. Este assunto poderia gerar uma discussão em torno de si mesmo, à medida que fica evidente que a publicidade invade o território artístico com interesses geralmente comerciais. Levando consideração o que foi dito, poderia já de início pressupor que o que restaria à publicidade no campo artístico, seria apenas a função pragmática. Ou seja, seria aquela no qual a arte se serviria para alcançar um fim não artístico. E esse fim seria, como se disse, a adesão ao produto ou ideia.
Mas se pensar-se bem na questão, como explicar por que o poder de persuasão de uma peça publicitária aumenta com a inserção da linguagem artística? Para responder tal questão, seria uma pobreza de espírito, assumir o ponto de vista em que o fazer artístico publicitário tem apenas a função pragmática, não sendo capaz de possibilitar a fruição de si mesmo tal como se frui uma obra de arte plástica. Pois, tem que se admitir que uma peça publicitária seja capaz de carregar em si própria, características estéticas. E é exatamente aí que a publicidade vai se valer da situação, pois na medida em que o argumento racional muitas vezes não consegue por si próprio alcançar o objetivo de persuasão, outra via que restará à publicidade além do convencimento racional e da tão conhecida comoção emocional, seria oportunamente o uso da linguagem estética. Por isso, nada melhor do que o belo para despertar o desejo.
A discussão estética do ponto de vista fenomenológico considera que o belo é uma qualidade de certos objetos singulares que nos são dados à percepção (cada coisa possui sua beleza singular, não há um padrão para o que deve ser o belo). E ainda segundo essa perspectiva,