Arquitetura moderna brasileira
Pensamento, prática e organização profissional na obra dos irmãos Roberto
LUIZ FELIPE MACHADO COELHO DE SOUZA
Um trabalho em equipe
O estudo das biografias de Marcelo (1908-1964), de Mílton (1914-1953) e de Maurício Roberto (1921-1996) permite afirmar que a produção da organização profissional que perdurou por mais de seis décadas decorreu, através de diferenciadas contribuições fraternas, da constância do trabalho em equipe. Entretanto, sobretudo, essa produção deveu-se ao saber construir de uma equipe multidisciplinar e à habilidade dos arquitetos adaptarem à realidade tropical, novas teorias idealizadas em solo europeu. Ademais, a concretização dessa tarefa tornou-se possível graças à atração social pelo novo e à capacidade de realização de tarefas intelectuais e práticas necessárias ao ofício, por uma parcela significativa da sociedade.
Melhor que considerar as virtudes presentes na obra dos irmãos Roberto como conseqüência de uma aparição fenomenal, é mais justo entendê-las como conseqüência de dedicação laboriosa consistente, fruto de solidariedade entre arquitetos e colaboradores especializados. Ela somente se realizaria pela pré-existência de um saber construir, no caso brasileiro, uma herança portuguesa.
No Brasil, o saber construir resulta de um legado colonial, pela transmissão de conhecimentos empíricos dos antigos mestres das construções naval, religiosa, civil e militar e pelo ensino formal implantado no final do século XVIII, com a criação da Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, instituição que se transformou, em 1874, no Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Por outro lado, a formação acadêmica dos arquitetos teve origem anterior, no início do século XIX, no Rio de Janeiro, na Escola nacional de Belas Artes, EnBA, quando começou a operar o primeiro curso de arquitetura nas Américas.
O relativo atraso do parque industrial brasileiro, comparativamente aos centros