Argumentos a favor e contra descriminalização da cannabis
Primeiramente é interessante salientar que não existe consenso científico nem popular de se o uso da maconha causa ou não dependência química. Muitos defendem tratar-se de uma droga que não vicia e que a dependência é meramente psicológica. Outros asseguram que vicia sim e, por isso, deve ser mantida na ilegalidade. Há os que acreditam não ter cabimento prender um adolescente por estar portando um cigarro de maconha --o que no Brasil, assim como em muitos outros países, é considerado crime.
Apesar de há muito conhecer-se e fazer uso da maconha (em suas diversas formas e para as mais variadas finalidades), até 1964, quando foi encontrado e isolado o tetraidrocanabinol (THC), sequer se conhecia o princípio ativo da planta. A partir de tal descoberta tiveram lugar dois questionamentos:
1- Se existe o THC, uma substância pura que age no cérebro, em tal órgão deve existir um receptor programado para recebê-la.
2- Se esse receptor existe provavelmente uma forma de “maconha interna” deve ser espontaneamente produzida espontaneamente para atuar sobre ele.
A partir disso, descobriu-se uma substancia endógena produzida por todos os cérebros, que age nos mesmos receptores do ativo da maconha e que foi chamada de Anandamida (“bem aventurança”, em sânscrito).
Primeiramente, é importante esclarecer como a maconha age no organismo. Assim que é aspirada, a fumaça é levada aos nos pulmões, que a absorvem rapidamente. De seis a dez segundos depois, seus componentes chegam ao cérebro, levados pela circulação, e agem sobre os mecanismos de transmissão do estímulo entre os neurônios, as células-base do sistema nervoso central. Os neurônios não se comunicam encostados uns nos outros, como fios. Há um espaço livre entre eles, a sinapse, onde ocorrem a liberação e a captação de mediadores químicos. Essa transmissão de sinais define a intensidade dos estímulos nervosos: dor, prazer, angústia, tranquilidade... O princípio