Aquisição de leitura e escrita: os caminhos possíveis para a conquista

INTRODUÇÃO

Neste trabalho, desenvolve-se uma concepção da alfabetização como forma de política cultural. Nessa perspectiva, a alfabetização torna-se uma construção significativa a ponto de ser encarada como um conjunto de práticas que atuam, quer para dar poder, quer para marginalizar as pessoas.

No sentido mais amplo, a alfabetização é analisada como instrumento de reprodução das formações sociais existentes, ou como um conjunto de práticas culturais que promovam a mudança democrática e emancipatória. Além disso, afirma-se que a linguagem dos educandos deve ser utilizada nos programas de alfabetização, caso se queira que a alfabetização seja parte importante de uma pedagogia emancipatória. Examina-se os programas de alfabetização à luz das teorias da produção e da reprodução cultural.

No correr dos últimos anos, a questão da alfabetização adquiriu nova importância entre os educadores. Infelizmente, o debate que surgiu a respeito tende a ser uma reciclagem de velhos pressupostos e valores relativos ao significado e à utilidade da alfabetização. A idéia de que a alfabetização é questão de aprender a língua padrão ainda permeia a maioria dos programas de alfabetização e manifesta sua lógica na ênfase de que, novamente, dá-se à leitura técnica e às habilidades para a escrita.

Neste trabalho, a alfabetização não pode ser encarada simplesmente como o desenvolvimento de habilidades que visem à aquisição da língua padrão dominante. Esse modo de ver reflete uma ideologia que, sistematicamente, mais rejeita do que valoriza as experiências culturais dos falantes que utilizam variedades lingüísticas. Para que a idéia de alfabetização ganhe significado, ela deve ser situada em uma teoria de produção cultural e encarada como parte integrante do modo pelo qual as pessoas produzem, transformam e reproduzem significados.

A alfabetização deve ser vista como um meio que contribui tanto para produzir como para reproduzir as experiências culturais de determinados