AQUINO julio diferenças e preconceitos na escola
Experiências pedagógicas bem-sucedidas são resultado da competência e da ousadia de profissionais responsáveis. Dificilmente se reproduzem, mas é sempre bom ter contato com elas, pois isso pode trazer inspiração àqueles de boa vontade.
Em Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo, um professor de Língua Portuguesa ligado à rede pública e à particular formulou uma estratégia singular de trabalho e, principalmente, de convívio democrático. Embora separadas por poucos quilômetros, as duas comunidades são completamente distantes uma da outra. Os alunos, praticamente vizinhos, não se conhecem nem sequer compartilham hábitos.
Nosso colega decidiu propor uma mesma atividade em ambas as escolas: a leitura de uma obra literária, seguida de um debate entre as turmas. Primeiro, a pública recebeu os estudantes da particular; depois, o inverso. E as duas o fizeram com festa. Passada a desconfiança e o incômodo iniciais, a descoberta geral é espantosa: sob a casca de salas de aula aparentemente tão diferentes, abrigam-se jovens com indagações, preconceitos e aspirações semelhantes. São todos igualmente alunos! O conhecimento pode ser o caminho para aproximar as duas "metades" da nossa realidade socioeconômica O professor, além de suas funções habituais, passou também a exercer o papel de mensageiro: leva e traz correspondências de uma turma para a outra. Essa experiência faz pensar porque provoca o necessário enfrentamento das duas "metades" da realidade socioeconômica do país, representadas na distinção entre ensino público versus privado. E o faz por meio do conhecimento — objetivo intransferível da instituição escolar. O ensino de Literatura, nesse caso, não teve um fim em si mesmo, mas foi uma ferramenta para a aprendizagem do diálogo, do respeito ao diferente, do gosto pelo convívio. Da democracia, portanto.
Experiências como essa são fecundas porque podem desencadear outras. Escolas da rede pública