Análise - Teoria do Medalhão
No conto, “Teoria do Medalhão” de Machado de Assis, podemos identificar a postura inflexível do pai, onde ele expressa o desejo pessoal não realizado na sua juventude, a fim de impor ao filho (que acabara de atingir a idade adulta), que para se ganhar respeito e popularidade perante a sociedade, é imprescindível exercer o “ofício de medalhão”, ainda que se faça necessário, paralelamente, exercer profissões remuneradas. Ser um medalhão está diretamente ligado ao reconhecimento, mesmo após a morte.
Ao olhar de um ângulo mais filosófico, vemos que isso se contrapõe completamente ao direito de todo ser, de pensar, visto que o pai afirma que, uma vez medalhão, é preciso ter muito cuidado com as ideias postas para “nutrir o uso alheio e próprio”, e que o melhor seria abster-se de novas ideias, usando apenas aquelas que não trariam discussões e reflexões posteriores.
Machado de Assis, marcou o início do seu período realista, no qual se tornou destaque e maior expoente no Brasil, de acordo com o realismo a linguagem deveria ser clara e direta, envolvendo a sociedade e o psicológico, além de fazer rígidas críticas a política e a situação na qual se vivia. O autor ironizou por completo o conto, deixando de forma subjetiva um paralelo entre a relação pai e filho e a visão do pai sobre o ofício e povo.
Portanto, temos a narrativa do pai, manipulador e autoritário, que afirmava com toda convicção de que o “medalhão” deveria ser como políticos, ou agentes de marketing, falando o que as pessoas querem ouvir, e ao papel do filho, que aceitava irracionalmente as coisas ditas pelo pai. O que nos leva a reflexão a respeito da sociedade, sendo manipulada a todo tempo e sem questionar, pelos “medalhões” da vida.