Análise poema vila rica - olavo bilac
O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambição.
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.
O ângelus plange ao longe em doloroso dobre.
O último ouro do sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.
Agora, para além do cerro, o céu parece.
Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu...
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,
Como uma procissão espectral que se move...
Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre o triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.
Analise do poema: • Ha varia figuras de linguagem, comparação, metáfora, metonímia, personifição, inversão etc. Além disso, há varias sugestões cromáticas relacionadas ao ouro (luz do sol e do ouro das minas) e ao negro (da noite, do passado e do próprio nome da cidade). É possível notar também as aposições existentes no poema, que reforçam o contraste entre passado e presente, riqueza e pobreza, dia e noite, o passado glorioso e o presente humilde. • Trata-se, portanto, de um poema que consegue unir técnicas de construção a um rico conteúdo histórico - qualidades que nem sempre foram alcançadas pelos parnasianos. Assim, em Vila rica Bilac mostra a objetividade parnasiana evoluindo para uma postura mais intimista e subjetiva.
• Na 1° estrofe do soneto, significa que o ouro encontrado era fruto do acaso, pois muitos o procuravam e não tinham a sorte de encontrá-lo. E que o fato acontecera num passado distante em que o ouro era tão abundante, que foi amplamente utilizado, inclusive, para adorno de casas e igrejas, cuja ornamentação relembra o fausto religioso da opulenta Vila Rica. • A 2° estrofe denota o choro do povo mais simples (da periferia) que se torna mais doloroso ao entardecer em virtude do término da extração do ouro, quando a cidade entra em declínio.
• Talvez