Análise literária - conto - soroco, sua mãe, sua filha.
A narrativa
O conto é narrado em 3ª pessoa, por um narrador que é, ao mesmo tempo, onisciente e personagem. Existe uma ambigüidade nas falas do narrador que permitem entendê-lo como tal: “A gente reparando, notava as diferenças.”, “A gente sabia que, com pouco, ele ia rodar de volta, (...)”. “A gente”, aqui, pode indicar tanto o povo como uma inclusão do narrador na ação, como se ele próprio participasse, pessoalmente, do acontecimento, e estivesse nos relatando o que via. Entretanto, não se restringe ao relato: fala também dos sentimentos, penetrando, ainda que sutilmente, na mente das personagens. A narrativa é repleta de verbos no pretérito, o que indica uma diferença de tempo entre o momento de “contar a história” e o momento em que a mesma se deu.
Espaço e Tempo
Quanto ao espaço, existem poucos marcadores. A única referência concreta a um lugar é a cidade de Barbacena, que, segundo o narrador, estava longe. De resto, nos sobra uma estação de trem e umas árvores de cedro, além de uma rua de baixo. Pessoalmente, concluo uma cidadezinha pequena, de interior, uma vila, mesmo.
Quanto ao tempo, o mesmo se repete. Como já disse, existe uma diferença entre o tempo da narrativa e o da história. Ela, porém, não se passa em pouco mais de alguns minutos, num dia ensolarado, em torno do meio-dia.
Personagens
Sorôco: descrito como um homenzarrão, de corpo e cara grandes, brutos. Sujo, maltrapilho, mesmo com suas “melhores roupas”. De voz grossa, mas rara, quase nunca ouvida. Sorôco nos é mostrado como impotente diante da doença de mãe e filha, como que sentindo uma grande dor por ter enviá-las para longe. Aparentemente, um homem de bom coração, humilde e, talvez por isso, de poucas palavras.
Mãe e Filha: pouco nos é dito sobre suas personalidades. Sabemos que estão loucas agora, e que adoeceram ao longo do tempo; afora isso, nada nos é