casa
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Céu,
inferno
"Passa passa três vezes, o último que ficar tem mulher e filhos
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que não pode s~stentar!
Céu, inferno, céu, inferno, céu, inferno..."
(Cantiga de roda que cantei e dancei quando menino, na várzea da Barra Funda, lá pelos anos de 1944,45...)
Chuvae seca
Sem dúvida, o capital não tem pátria, e é esta uma das suas vantagens universais que o fazem tão ativo e irradiante.
Mas o trabalho que ele explora tem mãe, tem pai, tem mulher e filhos, tem língua e costumes, tem música e religião.
Tem uma fisionomia humana que dura enquanto pode. E como pode, já que a sua situação de raiz é sempre a de falta e dependência.
Graciliano Ramos vê o migrante nordestino sob as espécies da necessidade. É a narração, que se quer objetiva, da modéstia dos meios de vida registrada na modéstia da vida simbólica.
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Céu, inferno
Céu, inferno
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A linguagem de Fabiano e dos seus é tida por impotente, lacunosa, truncada; e a esfera do seu imaginário dáse em retalhos de sonho e em desejos de um tempo melhor, tempo do fim das secas, com trabalho e moradia estável, de onde a família não seja expulsa pelo dono do gado nem bem finde a estação das águas.
Narrar a necessidade é perfazer a forma do ciclo. Entre a consciência narradora, que sustém a história, e a matéria narrável, sertaneja, opera um pensamento desencantado, que figura o cotidiano do pobre em um ritmo pendular: da chuva à seca, da folga à carência, ao bem-estar à depressão, volt411dosempre do último estado ao primeiro.
O pêndulo, dizia Simone Weil, é a mais atroz das figuras. Ela pensavana condição do operário que trabalha em ritmos de produção aceleradosaté o limite da fadiga extrema.1
Os tempos do lavrador e do vaqueiro são necessariamente mais largos, o que dá à sua angústia ou à sua esperança um andamento subjetivo mais arrastado e capaz de preencher o