Modernismo
(1908-1967).
Renovador da moderna literatura brasileira, Guimarães Rosa criou, a partir de aparente regionalismo mineiro, um realismo universalista em que a paisagem humana e geográfica do Brasil adquire seu próprio cosmo ficcional e sua própria linguagem literária.
João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo MG, em 27 de junho de 1908. Formou-se em medicina em 1930 e durante a revolução paulista de 1932 foi médico da força pública estadual. Em 1934, ingressou na carreira diplomática e ocupou vários postos, em Hamburgo, Paris e Bogotá. Foi membro da delegação brasileira à Conferência da Paz em Paris e secretário-geral da representação brasileira à IX Conferência Interamericana. Chefe do serviço de demarcação de fronteiras, fez muitas viagens pelo interior do Brasil.
A zona do Urucuia, onde passou a infância, é o principal cenário de suas obras. A publicação do livro de contos Sagarana, em 1946, consagrou-o como escritor. Alguns dos contos de Sagarana são obras-primas, como "O burrinho pedrês", "Duelo", "Conversa de bois", e sobretudo "A hora e vez de Augusto Matraga" (adaptado para o cinema por Roberto Santos e Luís Carlos Barreto). Em 1956, publicou Corpo de baile, em dois volumes, mais tarde dividido em três: Manuelzão e Miguilim, No Urubuquaquá, no Pinhém e Noites do sertão, com novas obras-primas, como as novelas "Campo geral", "O recado do morro" ou "A história de Lélio e Lina".
Para alguns leitores, sua linguagem é cheia de obstáculos quase intransponíveis, pois não encontram ali a língua escrita consagrada, comum à maior parte dos escritores. Na literatura rosiana, porém, a linguagem não se articula de fora para dentro. O escritor vai recriá-la com a própria realidade que lhe serve de objeto: a resultante não é a reprodução de falas sertanejas, como no regionalismo coloquial, mas a estilização das peculiaridades de um português brasileiro, em sua nova totalidade lingüística.
Guimarães Rosa consegue assim uma síntese,