Guima
Narrado em terceira pessoa, esse primeiro conto de Sagarana, de Guimarães Rosa, é considerado, com o último, Os cimos, a moldura do livro, já que apresenta as mesmas personagens no mesmo ambiente.
A principal personagem é o Menino e, assim como ele, as outras personagens são apenas identificadas pelo grau de parentesco.
O conto é em tom lírico reflexivo, a primeira viagem de um menino, a descoberta do mundo: a crueldade representada pela morte do peru e a beleza e a alegria representadas pelo vagalume.
O autor se identifica profundamente com o protagonista, como se ele espelhasse sua própria trajetória, sua infância, como se assim universalizasse, de certa forma, essa travessia. Ou seja, ele tenta perceber o que há de comum na infância de cada menino, nessas delicadas passagens, em seus estados de alma, nos dolorosos conflitos, nas fascinantes descobertas.
Em As margens da alegria, Guimarães Rosa coloca-nos diante de um Menino que, na sua lenta descoberta do mundo, transforma tudo o que lhe passa diante dos olhos em experiência de dor e alegria, vida e morte. Essa aprendizagem se dá a partir da relação direta com a natureza em toda a sua dinâmica, para a qual o Menino volta um olhar sem reservas, cheio de admiração. Aqui a infância aparece como o lugar do crescimento, da descoberta, da aprendizagem. O Menino tem como primeira fonte de conhecimento o olhar: "espiar", "avistar", "ver" e "vislumbrar" são verbos que percorrem toda a narrativa. É, portanto, através do olhar atento e encantado que ele conhece e re-conhece todas as coisas que encontra. O menino agora vivia; (diz o narrador) sua alegria despedindo todos os raios. E continua: Ele queria poder ver ainda mais vívido – as novas tantas coisas – o que para os seus olhos se pronunciava.
O protagonista, o menino, faz uma viagem de avião até a casa do tio numa cidade em construção, provavelmente