Análise do poema Para ser grande
“Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive”
Neste poema, Ricardo Reis faz uso do imperativo em verbos como “sê, exclui, põe”, dando conselhos. E que conselhos são esses? Que sejamos íntegros, inteiros e que o façamos aceitando-nos tal como somos – “nada/Teu exagera ou exclui” – e investindo tudo o que somos no que fazemos – “Sê todo em cada coisa. Põe quanto és /No mínimo que fazes”. Analisando o poema mais pormenorizadamente, no primeiro verso, “Para ser grande, sê inteiro: nada”, Reis apresenta-nos um dos princípios básicos da sua filosofia ao defender que o homem deve encontrar no seu sofrimento a sua nobreza, ou seja, deve aceitar a dor da vida de uma maneira inteira e ser inteiro nesse mesmo sofrimento. Reis defende também que o homem não seja inteiro numa fé, mas que seja inteiro na aceitação da realidade. Nessa aceitação da dor o homem pode abdicar de tudo menos de si próprio. Em “nada /Teu exagera ou exclui”, o poeta continua a defender que o homem abdique de tudo, mas que não abdique de si próprio, e que tudo o que é ilusório deve ser banido das nossas vidas, como a religião e o amor. Reis considera descartável qualquer entidade ilusória em nós, na nossa vida e que não seja intrínseca ao nosso ser, uma vez que nada acrescentam à nossa “felicidade calma”, e por isso podemos identificar aqui “o carpe diem horaciano”. Ricardo Reis, no terceiro e quarto versos, “Sê todo em cada coisa. Põe quanto és /No mínimo que fazes”, aconselha que encontremos a inteira felicidade em cada coisa, que nos entreguemos de corpo e alma a tua o que fazemos, expondo a nossa personalidade e esforçando-nos por deixar uma marca da nossa identidade nos objetos e nas ações. O poeta, através de uma visão estoica, refere novamente a resignação a que nos devemos propor na