ANÁLISE DO FILME UM METODO PERIGOSO
Na Psicanálise, a transferência é um fenômeno que ocorre na relação entre o paciente e o terapeuta, quando o desejo do paciente irá se apresentar atualizado, com uma repetição dos modelos infantis, as figuras parentais e seus substitutos serão transpostas para o analista, e assim sentimentos, desejos, impressões dos primeiros vínculos afetivos serão vivenciados e sentidos na atualidade. O manuseio da transferência é a parte mais importante da técnica de análise.
Eu tinha lido na página 215 do livro que é considerado a melhor biografia de Freud existente – Freud: Uma Vida para o Nosso Tempo, escrita por Peter Gay (São Paulo, Companhia das Letras, 1989) – que “Jung remontou as origens de sua ruptura com Freud a um episódio no verão de 1909, no navio George Washington, quando ele, Freud e Ferenczi rumavam para os Estados Unidos. Jung, segundo seu relato, havia interpretado um dos sonhos de Freud da melhor forma que podia, sem entrar em maiores detalhes sobre a vida privada de Freud. Freud se absteve de fornecê-los, observando Jung com desconfiança e objetando que ele pessoalmente não poderia ser analisado; isso poria sua autoridade em risco. Jung lembrava que essa recusa soara o dobre de finados para o poder de Freud sobre ele. Freud, o apóstolo autoproclamado da honestidade científica, estava colocando a autoridade pessoal acima da verdade”.
Achei a justificativa de Jung bastante plausível, pois eu também tinha lido no “Discurso da Servidão Voluntária” de Etienne La Boétie, escrito em 1574, que “amizade é igualdade”. Esta observação parece-me válida eternamente. A separação resultante de quando um dos amigos se esforça para elevar-se acima dos outros, quebra os laços da amizade, o viver junto, a partilha dos pensamentos e a